quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Um poeta que ainda vive - ("As várias faces" - Texto 7)

Estou me sentindo um poeta quase morto, porém que não deixa de recitar e nem de abraçar as palavras.
Os dias vão-se...
Olho para trás...
Meus gestos e jeitos vão mudando conforme a música que eu mesmo coloco e meus lábios já não sentem mais os seus.
As pessoas começam a se transformar em marionetes em minhas mãos.
O que eu faço se te quero ao meu lado?
O que posso fazer se meu sentimento se faz maior do que qualquer outra coisa?
Amar você no silêncio torna-se algo indesejável e até mesmo conotativo.
Amar você às vezes dói, realça e ao mesmo tempo ofusca. Cria ao tempo que destrói.
Quem será a próxima pessoa da sua vida? Quem será a pessoa que roubará seu coração igual roubei em frações de certo tempo?
Lágrimas caem do meu coração. Lágrimas caem de meus olhos. Lágrimas caem com melancolia. Essas... Essas coincidem com meu desespero, minha solidão!
Tenho tudo e não tenho nada.
Sou fingidor e mascarado.
Sei mais do que penso saber. Sou mais do que alguém pode ser.
Sempre procuramos algo e alguém – ou em alguém.
Minha voz ecoa pelas paredes de meu quarto...
Ecoa pela solidão e pelos ares do infinito...
Agora? Agora se torna difícil ouvir minha própria voz no tormento em que me encontro.

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” (Clarice Lispector)