domingo, 26 de julho de 2009

Divã - Capítulo 6



A VERDADE QUE ANTES DOÍA

[Sofia dizendo...] A verdade que ninguém gosta é... Nenhum casal se faz 100 por cento. Pode-se chegar a 99, mas nunca 100. Nenhum relacionamento é inteiramente homogêneo, tem lá suas partes que não se dão. Cada um é cada um. Nunca vão se misturar completamente, nunca vão se fazer felizes inteiramente. Mesmo estando juntos, cada um terá seu problema, cada um desejará alguma coisa individual do que o seu parceiro quer.

- Você é tão nova, mas parece que já viveu muitas coisas para saber disso tudo.
- Sim Dra Laura. Acho que mesmo jovem assim, passei por provações do coração que nenhum ser gostaria
de passar. Eu cansei de falar essas coisas para o Du.
- E ele não escutou, estou certa?
- Não! Mas ele também é muito mais forte do que eu. É certo quando dizem que quando acontece conosco, é dificil enxergar.
- Vou chamá-lo para continuarmos a conversa.

Entro na sala da Dra Laura e vejo Sofia com os olhos cheios de lágrimas, mas ao mesmo tempo sorrindo para mim.
Dou-lhe um abraço e Laura pede para que eu sente ao lado dela.

- Então Eduardo, você sabe muitas coisas da sua amiga, ela também sabe muito de você. Fiquei impressionado como
vocês se completam numa verdadeira amizade.
- Sim. Nós somos ótimos nisso.

Nós três rimos, parecia uma gargalhada só.
Depois que entrei no ambiente, Laura pediu para que Sofia continuasse a falar. Mas agora que ela falasse exclusivamente de mim, se possível.

Eu conheci o Eduardo no colégio. Estudávamos juntos. Todos falavam que ele era gay, mas eu nunca tive a prova. Quando descobri, nós começamos a ser mais amigos. Eu confesso que tinha muito preconceito em ter amigos desse tipo, gays, mas ele era tão puro, tão verdadeiro que nem havia como não se apaixonar e querer um amigo assim. Foi aí que ficamos mais e mais amigos. Descobri que ele estava ficando com um rapaz de São Paulo e me contou tudo. Comecei a ajuda-lo e ele a mim. Nossa!! Como viviamos coisas parecidas... Era até engraçado, muito mesmo: duas pessoas de sexos diferentes vivendo coisas muito parecidas. Eu até poderia escrever um livro contanto minha história, porém eu sendo ele, poucas coisas ficariam contrárias ou não existiriam. Ele sofreu, chorou, quis até se matar... Eu lembro. Olhos vermelhos, inchados, boca rachada, pele muito pálida de não comer, horas na frente do computador esperando que o dito cujo entrasse... Enfim, um sofrimento do coração. Um sofrimento que ele não fazia muita questão de esconder. De tapar. Foram dias de angustia. Parecia que eu sentia junto com ele. Ah! E teve outro detalhe. O que mais deixava-o triste, era o fato de que ninguém da família via o sofrimento. Ninguém via a angustia e nem a vontade de ficar na cama e não sair.

- Sério Eduardo?
- Sim. A vontade das coisas era quase nada. Mas foi bom tudo ter terminado, como foi bom ter acontecido. Estou feliz, sinto-me assim.

Olhei para Sofia e ela sorriu, um sorriso sincero, meigo, afirmando tudo o que ela havia dito e tudo o que eu completei.
Dra Laura havia ficado emocionada com tal história e queria muito ouvir mais, porém já estava na hora de deixarmos o consultório.

- Enfim, uma história emocionante. Quero agradecer sua vinda menina Sofia e que possamos nos encontrar mais por aí.
- Eu que agradeço. Se tratando do meu amigo Du, faço tudo.
- Eduardo, nos vemos na semana que vem para você fazer sua última visita, certo? Eu ligo para sua casa para marcarmos.
- Ok Dra. Irei aguardar. Tchau!
- Tchau, queridos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Divã - Capítulo 5


O CONVITE

Terminei minha conversa rápida com a doutora e logo liguei para minha melhor amiga.
Ela ficaria feliz em participar mais um pouco de minha vida.

- Sofiaaaa. – gritei com um ar de felicidade querendo muito que Sofia aceitasse meu convite.
- Oi Dudu, tudo bem? Faz um tempo que não nos falamos.
- Isso é porque estudamos juntos...

Muitos risos tomaram conta da conversa e conversamos de várias coisas, inclusive do namorado dela, o Marcos, que eu não gostava muito, porém aturava.
Sofia estava feliz, e para mim o que importava era minha melhor amiga estar tranqüila e se sentindo amada, além de estar amando.

- Mas você me ligou com muita euforia, aconteceu alguma coisa?
- Sim. Quero te fazer um convite importante.
- Diga, anjinho.
- Então, você sabe que estou fazendo algumas sessões com uma psicóloga, não é?
- Sim, eu sei. E como está?
- Muito bem e é sobre isso que queria falar com você. Ela está querendo conversar com uma amiga minha, no caso, tem que ser você.
- Comigo?
- Sim. Você.
- Mas porque eu?
- Você é minha melhor amiga. Nada como a melhor amiga para falar com minha psicóloga.
- Ok, quando e onde? – muitos risos novamente.
- A sessão será na sexta-feira, dia 26 às 17:30, pode ser?
- Sim, saio do cursinho, encontro-me um pouco com Marcos e logo depois estarei lá.
- Ta. Vou ficar te esperando na porta. É naquela clinica que fica há duas quadras da minha casa.
- Sim, sei qual é. Estarei lá, anjinho.
- Obrigado, minha amiga que amo.
- Também amo você.
- Beijos e até sexta.
- Heeeey, amanhã você irá ao cursinho?
- Ainda tô pensando.
- Você num toma jeito mesmo... Se bem te conheço, você deve estar com aquela carinha de piedade agora, do tipo cachorro pidão para que eu não brigue com você.
- Sim, exatamente com essa cara. – não me contive e logo soltei várias gargalhadas.
- Ok, então. Nos vemos. Beijos.
- Beijos, amo você.
- Também.

Divã - Capítulo 4



A SURPRESA


Meu quarto escuro com a janela e as cortinas fechadas. Era um local por hora abafado, mas que me remetia à felicidade de estar em um sono tranqüilo.
Ali eu estava.
Meu quarto era todo azul e continha muitos livros em cima da escrivaninha que ficava quase perto da janela, que por vez, era branca. Um guarda-roupa e uma cama faziam parte do cenário.
Aquele local, à noite, era a fonte de inspiração e também fonte para meus sonhos.

- Alô?
- Gostaria de falar com Eduardo?
- Um momento.
- Obrigada.

Simpática como sempre, Dra. Laura pediu para me chamar. Alguns segundos depois atendo o telefonema.

- Oi.
- Eduardo?
- Sou eu.
- É a Laura. Tudo bem?
- Tudo sim. Eu realmente estava aguardando sua ligação.
- Pois então, liguei para falar sobre a sua próxima sessão.
- Ah, sim.
- Sua próxima sessão será com uma amiga. Quero que convide uma amiga muito intima sua para que ela possa conversar comigo e com você, ok? Nós três juntos. Tudo bem para você?
- Ah, claro. Será um prazer levar uma amiga minha. – Dei sorrisos de alegria. – Irei ligar agora para ela.
- Ok! Então está combinado. E a sessão será na sexta-feira, dia 26 às 17:30. Qualquer coisa me liga.
- Ok, perfeito.
- Então, até sexta.
- Até sexta.