[Tuuuu... Tuuuuu... Tuuuu...]
- Alô!
- Oi... Queria falar com você...
- Claro, pode fa...
- Já comecei a roer todas as minhas unhas. Cada minuto que nos falamos é como se eu te tivesse novamente. Sentir seu perfume, seu cheiro, suas mãos, seus lábios, sua boca... Era o que eu mais queria neste momento. Você me inspira em tudo: na vida, no amor, em textos, em desenhos; nas coisas que escuto, vejo, falo... Você é você e acabou!
[Chorando]
- Seu jeito de me olhar, de falar comigo, de falar de mim. Cada regra que você colocou em minha vida está intacta como se nada tivesse saído do lugar. Não adianta enganar o tempo nem o coração. Está ligado a mim.
- Eu?
- É, você mesmo! Enquanto fico roendo minhas unhas penso em te encontrar. Possuir-te igual fiz um dia. O primeiro a defender-te. O primeiro a parabenizar-te. O primeiro a descrever-te sinceramente. O primeiro a vibrar com cada sonho realizado. O primeiro a dizer que...
[Tu. Tu. Tu.]
[Telefone toca]
- Por que você desligou?
- Besteira minha te ligar para falar essas coisas. É seu aniversário e eu ainda nem te dei parabéns, só por mensagem.
- Não é besteira, termine de falar. O primeiro a dizer o que?
- Nada, esquece! Parabéns, que você seja muito feliz que Deus te abençoe, meu querido.
- Obrigado, mas eu quero saber, o primeiro a que?
- A dizer que... Deixa pra lá! Não vai adiantar mesmo. [risos de nervosismo]
- A que? Por favor, me fale! Dizer o que?
- A dizer que... que... que TE AMA COMO NUNCA AMOU NINGUÉM!
[Tu. Tu. Tu. Tu.]
[“Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e estará...”]
[Um choro]
[Mais um choro]
- "Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever." (Clarice Lispector)