Tive recorrendo o mais fundo dos meus pensamentos. Lembrei de todo meu passado.
Recordei-me das coisas mais puras e mais impuras que já fiz. (Sim, já fiz coisas impuras!).
Voltei a brincar na rua, a dançar para meus pais, a brincar de carrinho com meus amigos, a querer chocolate quando não se pode, a não querer tomar banho quando a brincadeira tava boa – simplesmente, voltei a ser criança.
Passei pela adolescência: tive confusões. Conversei, fofoquei, manipulei, caí, levantei.
Tudo lembrado como um passado bom, com fotografias lindas que me fazem cair ao desespero em querer voltar o que eu era.
Tudo era lindo: até as espinhas. Em pensar que na época achava a coisa mais horrenda e intrigante nascer uma espinha um dia antes ao encontro do que poderia ser um futuro relacionamento – um futuro namorado.
Tomei banho de gato, fiz xixi numa piscina achando que ninguém tava vendo, cresci ouvindo “não fala isso”, “estude mais!”. Até mesmo já cogitei a idéia de sair desenfreado de casa: “vou sumir daqui!”.
Ganhei experiência, sofri preconceito, fui preconceituoso, conheci a morte de perto, desvencilhei-me de alguém, amei, fui amado, quis morrer e ao mesmo tempo viver. Quase noivei. (Sim!) quase noivei.
Tudo passou e voltei a querer; não querer o impossível, mas fazer com que ele possa acontecer um dia.
Deixaram-me e deixei.
Olhei para trás e para frente.
Enfim, valeu à pena chegar onde estou!